LOS ANGELES – Hollywood bem que gostaria de manter Zac Efron como ídolo adolescente por mais tempo. Mas o astro dos três filmes “High School Musical” não aguenta mais estrelar musicais (até dispensou o remake de “Footlose”) e quer papéis mais maduros e dramáticos.
- Como as minhas fãs estão crescendo junto comigo, espero que gostem de me ver em filmes sérios. Daqui para frente, nada de número musical ou de tramas ambientadas no colégio – diz o californiano de 22 anos e fortuna estimada em US$ 10 milhões, numa entrevista em Los Angeles.
Depois de viver o adolescente de “17 outra vez” (2009), seu papel mais recente é no filme “A morte e vida de Charlie”, que estreia sexta-feira. O ator interpreta um jovem tão atormentado pela morte do irmão caçula que chega a trabalhar como coveiro no cemitério onde o menino foi enterrado. Tem até uma cena de sexo nesse mesmo cemitério.
- Quando li o roteiro, não sabia se poderia interpretar um personagem tão denso. Tive muito medo de estragar tudo – conta ele. – Mas não há nada mais instigante para um ator que sentir aquele frio na barriga no primeiro dia filmagem.
O GLOBO: Por que você recusou o papel que foi de Kevin Bacon em 1984, no remake de “Footloose” (pelo qual Efron receberia um cachê de cerca de US$ 5 milhões)?
ZAC EFRON: Depois de fazer musicais por vários anos e por toda a intensa experiência de “High School Musical”, que foi um furacão na minha vida, vi a oferta como uma desculpa para continuar fazendo a mesma coisa. Seria fácil continuar me divertindo num papel que parecia mesmo perfeito para mim. Mas eu não me sentiria desafiado. Então, me perguntei: o que eu realmente quero fazer? Outro sucesso garantido ou sair da zona de conforto? E a segunda opção venceu.
O GLOBO: Precisou convencer alguém de que seria capaz de uma performance mais dramática?
ZAC: Precisei convencer a mim mesmo. Mas era a chance para mostrar uma outra faceta. Sinto que ainda preciso fazer muito mais no cinema para me sentir merecedor de todo esse sucesso que de repente bateu à minha porta. Ainda não mostrei do que sou capaz como ator.
O Globo: Não vê a hora de ficar mais velho, para ter mais opções de papéis mais adultos?
ZAC: Sim. Hoje em dia são poucos os papéis jovens com profundidade em Hollywood. Estou ansioso para ganhar mais maturidade e, a partir daí, ter condições de interpretar homens experientes. Só que primeiro preciso perder essa cara de menino (risos).
O Globo: Foi por isso que você abriu em julho uma produtora própria (a Ninjas Runnin’ Wild Productions), para desenvolver projetos nesse perfil?
ZAC: Foi. É difícil para um cara jovem construir a carreira do jeito que quer. A tendência é ser convidado para fazer o mesmo papel, principalmente se já deu certo. Só que eu não quero isso. Então, talvez faça um filme para eles, a indústria, e outro para mim, mesmo que seja pequeno. O importante é saber que meu coração estará no projeto.
O Globo: O fato de você ter um irmão mais novo ajudou a entrar no drama do personagem de “A morte e vida de Charlie”?
ZAC: Ajudou muito. Meu irmão, Dylan, é quatro anos mais novo. Assim que li o roteiro do filme, procurei nossos velhos álbuns de fotografias e passei horas lembrando tudo o que vivemos juntos. Certamente, eu ficaria tão desconsolado e perdido quanto o meu personagem se perdesse o meu irmão, que amo muito. Procurei carregar esse sentimento durante toda a filmagem.
O Globo: Como foi para Dylan acompanhar o seu sucesso com “High School Musical”?
ZAC: Ele lidou com tudo numa boa, ainda que não tenha sido fácil para ele no colégio. Quando “High School Musical” estourou, pegaram muito no pé dele, porque é meu irmão. E o pior é que eu desapareci da vida dele. Tinha a desculpa de estar vivendo o sonho de Hollywood, mas meu irmão ficou sozinho. Muitas vezes cheguei em casa, depois de tantas viagens, e me dei conta de como ele tinha crescido. Quando li o roteiro de “A morte e vida…”, toda a culpa veio à tona (risos). É como se eu o tivesse abandonado.
O globo: Antes de se fechar para o mundo, seu personagem em “A morte e vida de Charlie” é um velejador. Foi difícil aprender o esporte?
ZAC: Muito. Achei que seria fácil, que era só sair pelo mar aproveitando o sol. Mas há muitos detalhes e muitas manobras que tive de aprender. Fiquei um pouco perdido com todas as tarefas do velejador. É como tocar piano. Tem que fazer uma coisa com a mão direita e outra com a esquerda. Aprendi direitinho, mas não teria coragem de sair por aí velejando sozinho. Não sei se voltaria vivo (risos).
O Globo: Charlie se envolve com outra velejadora, Tess (Amanda Crew). Como foi rodar a cena de sexo no cemitério?
ZAC: Muito estranho (risos). A cena tem a ver com o contexto do filme, mas Amanda e eu nos sentimos um pouco desconfortáveis. Tínhamos medo de pisar em algum túmulo e de ofender alguém. Foi um lugar muito surreal para rodar uma cena noturna. E, na noite da filmagem, ainda baixou uma tremenda neblina, o que contribuiu para o clima sombrio.
O Globo: Costuma ficar nervoso ao rodar cenas mais íntimas com uma garota, na frente de toda equipe de filmagem?
ZAC: Não. Pela minha experiência, essas cenas sempre dão certo se você deixa a coisa acontecer. E tenho tido muita sorte por sempre contracenar com atrizes bonitas (risos). O que eu faço para ganhar a vida não é mesmo o pior trabalho do mundo.
O Globo: Por pouco, você não enfrentou sua namorada nas bilheterias americanas (O filme “Beastly”, com Vanessa Hudgens, estrearia no mesmo fim de semana de julho de “A morte e vida…” nos EUA, mas foi adiado). O que achou disso?
ZAC: Foi um alívio quando soubemos que o filme dela não estrearia mais no mesmo final de semana de “A morte e vida…”. Não é bom para ninguém incentivar esse tipo de competição entre nossos filmes.